No mercado da soja, a liquidez interna do produto, que já estava aquecida nas primeiras semanas de maio, aumentou no encerramento do mês, período em que o dólar operou acima dos R$ 5,00. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário, somado à valorização externa, incentivou vendedores domésticos a elevarem o volume de soja ofertado. Importadores, por sua vez, foram atraídos também pela taxa cambial e pela queda no prêmio de exportação no Brasil.
No mercado da soja norte-americana, a preocupação fica por conta das chuvas irregulares. O clima tem influenciado na qualidade da safra, que de acordo com relatório divulgado pelo USDA, é inferior ao mesmo período do ano anterior. As toneladas colhidas já apresentam queda de 3 milhões na quantidade prevista inicialmente. Vlamir Brandalizze analisa esses números e faz um balanço do mercado brasileiro, em calmaria pela oscilação do dólar e com os produtores em busca de insumos.
A Embrapa e outros membros do Consórcio Internacional do Genoma da Ferrugem Asiática da Soja comemoram os avanços obtidos com o sequenciamento e a montagem do genoma de três amostras (dois isolados obtidos no Brasil e um no Uruguai) do fungo P. pachyrhizi, causador da ferrugem asiática. O trabalho dá algumas pistas sobre uma das mais desafiadoras características do microrganismo: a sua alta variabilidade, que o faz se adaptar rapidamente e contornar as diferentes medidas de controle. O estudo foi publicado na revista Nature Communications.
A ferrugem asiática da soja é um dos principais desafios fitossanitários da cultura, porque o fungo é capaz de se adaptar às estratégias de controle, seja pela perda da sensibilidade aos fungicidas ou pela quebra da resistência genética presente nas cultivares de soja. “A disponibilidade do genoma de referência do fungo é essencial para o avanço no conhecimento da biologia e nos fatores envolvidos na adaptabilidade deste fungo, com o intuito de acelerar o desenvolvimento de novas estratégias de controle”, relata a pesquisadora Francismar Marcelino-Guimarães, da Embrapa Soja, uma das autoras do artigo.
O conhecimento pormenorizado sobre o funcionamento do genoma de referência do fungo é essencial para entender os fatores envolvidos na adaptabilidade desse fungo e que dificultam o seu controle.
No estudo, foi possível também identificar o conjunto completo de efetores do fungo, compartilhado entre as três amostras, inclusive aqueles ativos ou expressos nos momentos cruciais da infecção. Alguns desses efetores têm sido caracterizados na Embrapa Soja, mostrando sua ação ou forma de ataque no hospedeiro durante o parasitismo. “Compreender quais as estratégias de ataque do patógeno é crucial para o desenvolvimento das medidas de controle”, afirma a pesquisadora.
Segundo Guimarães, observou-se ainda a ocorrência de famílias de genes expandidos – envolvidas na produção de energia e transporte de nutrientes – o que pode indicar uma flexibilidade do seu metabolismo e na aquisição de nutrientes. “Entender o estilo de vida desse parasita, em nível molecular, é importante para identificarmos os genes que são essenciais durante o parasitismo na soja e, portanto, fundamentais à aquisição de nutrientes e à sobrevivência do fungo”, explica.
Tais genes podem ser utilizados para o desenvolvimento de estratégias de controle, via edição gênica ou transgenia por exemplo, pois podem comprometer processos vitais como o parasitismo. “Estudos conduzidos na Embrapa têm também testado a eficácia do silenciamento de genes essenciais do fungo, demonstrando o potencial dessa estratégia na redução da severidade da doença”, revela.
A análise do genoma mostrou ainda um elevado nível de diferenças entre os dois núcleos que constituem o genoma do fungo. “Essa característica indica ausência de recombinação entre eles, ratificando a propagação ou reprodução assexual do fungo na América do Sul.
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