Leite

Qual parte da cadeia láctea mais sentiu os preços em 2023

Em momentos desafiadores do mercado, quem está do outro lado da mesa muitas vezes se torna o vilão. Não é raro ouvir por aí: “Tal grupo está prejudicando o mercado, subiu demais os preços, ou reduziu de menos”.

No fundo, sabemos que não há um único vilão e que os reflexos do mercado são multifatoriais. Entretanto, pela ótica das variações percentuais, é possível avaliar a movimentação nos últimos meses para diferentes indicadores, desde custo de produção até os preços dos lácteos no varejo.

Dentre os lácteos, o UHT é o produto que apresenta maior volatilidade em seus preços. Na reta final de 2022 o produto teve uma diminuição mais expressiva nos preços, fechando o ano com variação negativa maior do que as outras 3 categorias. No entanto, com a virada do ano, as indústrias iniciaram o ano mais otimistas e elevaram os valores. De março para abril, os preços deram outro avanço expressivo e, desde então, com um consumo mais travado, os preços vieram em queda até setembro e, mais recentemente, apresentaram pequeno aumento em outubro, fechando com uma redução de cerca de 12,5% nos 12 meses anteriores.

A tendência de preços para a muçarela seguiu comportamento similar ao do UHT, mas com variações percentuais menores. Nos 2 meses de principais aumentos, janeiro e abril, a categoria apresentou altas de 9% e 6%. Em outubro, a categoria apresentou uma deflação em 12 meses de 16,5%, superior à do UHT.

Nesse período de 12 meses, um dos principais fatores que pressionou os preços de todos os derivados lácteos foi a elevação das importações. Dentre as categorias afetadas, sem dúvidas, o leite em pó é a que mais sofreu diretamente, refletindo em uma deflação de -16,3%.

Para o produtor, em outubro o preço recebido pelo leite ficou 28% abaixo do valor recebido no mesmo mês do ano anterior. Apesar desse desafio do lado da receita, o custo de produção geral manteve-se controlado, principalmente influenciado pela queda dos preços dos grãos no último ano.

No varejo, os preços aos consumidores finais apresentaram menor volatilidade, como mostra os dados da FIPE para vendas na cidade de São Paulo. O leite em pó fracionado apresentou uma pequena redução de -5%. A Muçarela apresenta uma deflação de -13,4% (vs 16,5% da indústria). Já o UHT apresentou diminuição na reta final de 2022, voltou a subir no início de 2023 e, agora, voltou a apresentar reduções mais acentuadas.

Percebe-se que desde maio deste ano, quando os preços da indústria começaram a cair, o varejo ampliou a diferença no preço de venda em relação ao custo. A muçarela, por exemplo, atingiu a maior diferença percentual para o período analisado.  Isso sinaliza certa “gordura” para que os cortes observados no varejo recentemente continuem nos próximos meses. As informações e o levantamento são do portal “MilkPoint”.

Vamos agora com Rafael Mendonça, direto da redação, que traz detalhes sobre as variações de preços e as projeções para o setor lácteo no restante de 2023.

 

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