Qual o problema do setor lácteo no mundo? Excesso de oferta ou falta de demanda?

A economia básica inclui a oferta – quanto de algo você tem – e a demanda – que é quanto de algo as pessoas querem. Quando se trata de produtos lácteos, o presidente da Ever.Ag Insights, Phil Plourd, compartilhou na 2023 Milk Business Conference, em Las Vegas, que não temos excesso de oferta, mas temos muita falta de demanda, o que está retendo os mercados. “Não acho que a oferta vá melhorar tão cedo”, diz ele. “Mas a demanda tem que aumentar se quisermos ver alguns fogos de artifício.”

Lucas Fuess, analista sênior de laticínios da Rabo AgriFinance, concorda. “Se olharmos para a saúde do consumidor nos EUA e para nossos mercados estrangeiros, que são uma grande parte do que exportamos, quase 20% do nosso produto está apresentando sinais de demanda preocupante em todo o mundo”, afirmou ele na Milk Business Conference, acrescentando que, quando olhamos para os EUA, a União Europeia ou a Nova Zelândia, não temos um excesso de oferta oneroso.

Fuess compartilha que os preços recordes de alta no varejo não ajudam do ponto de vista do consumidor, dizendo que os consumidores não estão estocando como antes. “Hoje, há menos estoque na despensa. Assim, em vez de comprar três quilos de manteiga porque está em promoção, eles podem estar comprando apenas um ou dois”, diz ele. As informações são do portal “MilkPoint”.

O ano de 2023 foi de muita dificuldade para o setor lácteo em todo o mundo. Um dos grandes potencializadores da crise vivida pelo meio é a relação oferta x demanda. Trazendo para a realidade brasileiro, o ano passado começou com o preço ao consumidor em patamares considerados elevados. Com isso, a queda no consumo se acentuou com o passar dos meses, o que, por consequência, gerou desvalorização das cotações. Vamos iniciar uma retrospectiva de 2023 para o setor lácteo no Brasil e no mundo. De realização do portal “MilkPoint”, os especialistas Marcelo Carvalho, Paulo do Carmo Martins e Ricardo Cotta Ferreira recebem o engenheiro agrônomo Valter Galan para fazerem um balanço do ano que se passou e projetarem 2024 para a cadeia leiteira.