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Manejo correto de pastagens pode recuperar carbono perdido na mudança de uso da terra

Práticas de manejo adequadas podem contribuir para recuperação das pastagens degradadas, sequestro de carbono e melhoria da produtividade

Parte do carbono do solo originalmente sob uma mata pode ser perdido na conversão dela para pastagem. Mas, com práticas de manejo adequadas, as pastagens podem sequestrar carbono e devolvê-lo ao solo. É o que mostrou uma pesquisa realizada pela Embrapa Meio Ambiente, em parceria com o Instituto de Zootecnia (IZ), Instituto Agronômico (IAC) e Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, que avaliou o impacto da mudança de uso da terra de mata para pastagem e o potencial de sequestro de carbono por pastagens manejadas no bioma Mata Atlântica.

De acordo com Thais de Carvalho, em sua dissertação de mestrado, a adubação nitrogenada, o consórcio com leguminosas e o melhor gerenciamento do sistema de pastejo são práticas eficientes para sequestrar carbono para o solo. “As taxas de sequestro de carbono observadas foram de 3,3 a 4,4 toneladas de carbono por hectare por ano, indicando bom potencial para recuperação do carbono perdido na mudança de uso da terra, com possibilidade de superar o estoque do solo sob a mata”, explica Carvalho.

Para Cristiano Andrade, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e orientador de Carvalho no mestrado, os resultados da pesquisa são importantes para o Brasil, que possui uma área de pastagem de aproximadamente 159 milhões de hectares, sendo o principal uso da terra no país. Estima-se que cerca de 64% dessa área apresenta algum nível de degradação, o que pode levar à emissão de gases de efeito estufa e à perda de produtividade.

Andrade explica, ainda, que as elevadas taxas de sequestro de C verificadas são possíveis nos primeiros anos após a adoção das novas e melhores práticas de manejo, mas devem reduzir ao longo do tempo, porém alcançando os valores antes na conversão, principalmente considerando fragmentos de mata  próximos a centros urbanos, submetidos a eventos esporádicos de fogo, como no caso da presente pesquisa.

De acordo com Carvalho, para avaliar o efeito da conversão de mata para pastagem, onde ambos os pastos são constituídos de braquiária, foram usadas áreas pareadas entre mata e pasto, com mesmo tipo de solo, nos quais foram realizadas amostragem do solo até um metro de profundidade.

Já para as práticas de manejo do pasto no estoque de carbono do solo até 30cm, foram avaliados os efeitos da adubação nitrogenada ou do consórcio braquiária – macrotiloma, bem como dos sistemas de pastejo rotacionado ou diferido.

Foram obtidas amostras de solo indeformadas e deformadas com o uso de trincheiras e trado, respectivamente, para determinar a densidade e o teor de carbono. “A densidade do solo está relacionada à sua compactação”, explica Carvalho. “Uma alta densidade do solo pode afetar a  disponibilidade de nutrientes para as plantas, além de limitar a entrada de raízes e redução da infiltração de água, aspctos essenciais para o estoque de carbono no solo”.

Quanto ao teor, ele tem a função de atuar como um reservatório de carbono, uma vez que os solos ricos em carbono contribuem para o sequestro desse gás da atmosfera, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.

 

Manejo
Um dos experimentos, na área do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, SP, com manejo de pastejo de lotação contínua, os animais permaneceram em torno de 45 dias, mantendo uma altura de 30 a 40cm na pastagem, com capim marandu. De acordo com Carvalho, esse foi o manejo com melhor resultado.

Nos tratamentos de gramíneas consorciadas com leguminosas não houve aplicação de nitrogênio. Nos tratamentos exclusivos de gramíneas e de gramínea com suplementação proteica, foram realizadas três adubações na formulação NPK 20-00-20 de 60 quilos por hectare de nitrogênio via nitrato de amônio e 60 quilos por hectare de óxido de potássio para suprir a demanda nutricional do pasto. Essas adubações foram realizadas no começo e final das águas.

Em outro local, na área experimental da USP, foram avaliadas a pastagem diferida e pastagem rotacionada com uma área total estabelecida de 16 hectares, dispostas em oito unidades definidas com pastejo diferido, pastejo diferido e suplementação proteica, pastejo rotacionado e pastejo rotacionado e suplementação proteica. Foram realizadas três adubações no período das águas com 50 quilos por hectares  de nitrogênio e 50 quilos por hectares de potássio, utilizando o fórmulado 20-00-20; 53 quilos por hectares de nitrogênio e 57,5 quilos por hectare de enxofre utilizando o fertilizante sulfato de amônio e 56,7 quilos por hectares de nitrogênio via nitrato de amônio.

A pastagem diferida é uma estratégia de manejo que consiste em selecionar uma determinada área da propriedade excluindo-a do pastoreio, geralmente no final do verão, com o objetivo de garantir a acumulação de forragem utilizada durante o período de escassez do recurso forrageiro. Já a rotacionada são áreas de pastagem divididas em piquetes que possuem períodos alternados de descanso e pastejo, tendo a vantagem de proporcionar maior controle sobre a pastagem. Assim, o pastejo tende a ser mais uniforme, resultando em maior eficiência.


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