Irrigação

Irrigação por gotejamento e a lição valiosa de Israel

Israel está localizada numa região de temperaturas altas e solo árido, mas nem por isso deixou de se tornar competitiva no setor agropecuário. Isso porque, em 1960, foi desenvolvida a técnica de irrigação por gotejamento, numa modesta cooperativa agrícola que hoje tem presença em 110 países, inclusive o Brasil, com 5 mil funcionários e faturamento na casa de 1 bilhão de dólares anualmente.

Essa tecnologia pioneira consiste em dessalinização da água do mar, que é distribuída para a população. No caso da agricultura, o planejamento é fundamental, pois a quantidade correta de água e nutrientes é gotejada (daí o nome) diretamente nas plantas, através de pequenos canos conectados a uma malha de mangueiras posicionadas rentes ao solo. Os tubos podem, inclusive, ser instalados de forma subterrânea, para aumentar a eficiência e reduzir custos de manutenção.

Com efeito, o gerenciamento dos recursos hídricos permite o reaproveitamento quase total do volume utilizado, uma vez que, após utilização, o tratamento da água e até do esgoto residencial ultrapassa os 90%, sendo realocados para novos fins como limpeza urbana e a própria agricultura, com aplicação em culturas de diferentes portes. Há quem use o método nas bordas de grandes plantações, onde os tradicionais pivôs não alcançam.

A famosa rede de encanamentos azuis (água potável) e roxos (água para reuso) percorre todo o país, frequentemente integrados a tecnologias de painéis fotovoltaicos e estufas, sobretudo nas áreas de cultivo, pois todos os esforços são feitos no sentido de aproveitar cada recurso, com investimento maciço em fontes de energia renovável. Nesse sentido, o governo israelense fornece incentivos fiscais a incubadoras que consigam otimizar a precisão desses sistemas.

Um traço distintivo da cultura local, e que contribui para o sucesso desses projetos, segundo estudiosos e os próprios habitantes, é encarar a escassez como um desafio e prosperar através disso. Não por acaso, os cientistas israelenses estão entre os mais bem pagos do mundo, o que atrai jovens qualificados e criativos para a carreira.

Em junho, uma comitiva de agricultores e pecuaristas paranaenses em viagem técnica promovida pelo Sistema FAEP/SENAR – PR puderam conhecer de perto algumas das instalações que tornaram possível esses avanços. Ficou claro que, no Brasil, o caminho ainda é longo para evitar o desperdício e fazer uso mais racional dos caudalosos mananciais do País. O potencial, no entanto, é grande, dado o volume de recursos hídricos, algo que contrasta com a realidade israelense.

Unindo preservação, economia e ganho de produtividade, o sistema de irrigação por gotejamento pode inclusive servir para distribuir fertilizantes (fertirrigação) na medida certa, poupando um dos insumos que mais encarece o orçamento do produtor. Em síntese, é preciso assimilar a lição de contornar os desafios, assim como fizeram israelenses em seu pequeno e seco, porém próspero território. E não somente com pesquisa e criatividade, mas incentivando a busca por soluções que gerem rentabilidade para os seus criadores. Assim, ais pessoas, com melhor qualificação, trabalharão para otimizar os fartos recursos hídricos nacionais.

Por último, mas não menos importante, cabe desburocratizar a legislação para desenvolvimento e aplicação dessas novas tecnologias, não somente desonerando o empreendedor científico, mas sobretudo estimulando um ambiente propício para que invenções e aprimoramentos cheguem mais rapidamente às lavouras e aos consumidores.

 

fONTE: SNA


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