Quinta edição do Fenabaru, que tem apoio do Sebrae Minas, destaca produção e processos do fruto nativo do Cerrado
Arinos, na região Noroeste de Minas, é conhecida como a “Capital Estadual do Baru”. Anualmente, a cidade comercializa cerca de 15 toneladas do fruto, gerando renda para cerca de 300 famílias do Urucuia Grande Sertão Veredas. Para debater os desafios e as oportunidades de desenvolvimento da cadeia do produto, a cidade recebeu, entre os dias 5 e 7 de outubro, o Festival Nacional do Baru (Fenabaru).
Organizada pela Prefeitura de Arinos, pela Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo (Copabase) e pelo Central Veredas, com apoio do Sebrae Minas e outras entidades, a 5ª edição do evento reuniu representantes de todos os processos produtivos da castanha de baru. Além dos produtores rurais, o encontro teve a presença de pessoas ligadas a associações, organizações não governamentais, sindicatos, bancos, cooperativas de crédito, órgãos ambientais, universidade e poder público municipal.
Na ocasião, foi redigido um memorando que estabelece um plano de ação e as diretrizes para os próximos anos. “A ideia foi firmar uma pactuação de possibilidades de projetos para que a gente tenha um documento e consiga fazer cobranças a todos os envolvidos para que as coisas realmente aconteçam”, explica a gestora da Copabase, Dionete Figueiredo. Segundo ela, o objetivo é que cada ente do processo possa caminhar e se desenvolver de maneira integrada, fortalecendo cada vez mais a cadeia do baru.
De acordo com a analista do Sebrae Minas Daniele Moreira, o festival cumpriu o importante papel de promover o diálogo entre todos os envolvidos na produção e comercialização da castanha. “Foi um momento de unir esforços, debater desafios e propor ideias para avançarmos no desenvolvimento econômico e social, além de estabelecermos a cidade como a Capital do Baru”, disse.
Demanda em alta
Coletado por meio do extrativismo sustentável em reservas de Cerrado, a castanha de baru e outros produtos oriundos do bioma são cultivados por agricultores familiares e comercializados pela Copabase, sediada em Arinos.
Rico em propriedades nutricionais, o baru pode ser usado em diversas receitas culinárias. Nos últimos dois anos, o produto conquistou novos mercados em grandes centros do país e também do exterior. Considerada uma fortaleza dentro do movimento Slow Food, a iguaria atualmente pode ser encontrada em supermercados do Grupo Carrefour de Brasília e de São Paulo e já foi exportada para os Estados Unidos. A castanha de baru também conquistou, em fevereiro deste ano, a certificação de produto orgânico pelo Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD).
De acordo com o presidente da Copabase, José Milton da Silva Marques, a expectativa para a safra deste ano é positiva. No entanto, a capacidade de absorção da cooperativa ainda é bem menor do que a oferta dos produtores da região. “O mercado está aquecido e há interesse dos produtores em vender para a cooperativa uma boa demanda quanto à procura do produto beneficiado”.
A boa notícia é que, em 2023, depois de 16 anos de fundação, a cooperativa obteve um financiamento por meio do Pronaf Agroindústria, que vai investir R$ 380 mil para que a instituição possa comprar, armazenar e negociar a safra dos produtores. A expectativa para 2024 é estar com a castanha de baru disponível para comercialização nas 27 capitais do Brasil.
Gastronomia da terra
A programação do 5º Fenabaru teve também um festival gastronômico com a participação de oito estabelecimentos da cidade. Por meio do programa Prepara Gastronomia, implementado pelo Sebrae Minas, os empreendedores participaram de consultorias com o chef de cozinha Vinícius Curtts para a elaboração de pratos com ingredientes locais, em especial a castanha de baru. “Foi um trabalho de valorização de todos os produtos do Cerrado no intuito de fazer os empresários entenderem a importância da geração de valor dos ingredientes locais e de prepará-los para as demandas de mercado e, consequentemente, para o crescimento de seus negócios”, explica Vinícius.
Na avaliação da empreendedora Luciane Pimentel Nunes Galvão, proprietária do restaurante Fogão à Lenha, a consultoria especializada foi uma oportunidade de aprendizado que vai contribuir para o desenvolvimento das empresas participantes e também do município. “Todo esse trabalho fortalece o empreendedorismo local, proporciona a criação de novas receitas, valoriza os ingredientes da terra e faz com que a cidade fique mais conhecida”, ressalta.
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