O Mercado Lácteo Brasileiro e o Mercado das Importações foram tema da apresentação da Embrapa Gado de Leite na Câmara Setorial da Cadeia de Leite e Derivados, realizada na semana passada, a primeira de julho, pelo pesquisador e economista Glauco Rodrigues Carvalho. Os dados disponibilizados para a cadeia produtiva suscitaram reflexões e debates durante mais de duas horas envolvendo um público de produtores rurais e representantes da indústria de laticínios, cooperativas, associações, CNA e do governo federal. Os participantes manifestaram preocupação com o volume de leite que o Brasil está importando, antes entre 3% a 5% do consumido no país, hoje em 10% do total.
Embora o Brasil figure como o quarto maior produtor mundial de leite, há um déficit estrutural na balança comercial. No ano passado, o setor fechou com um saldo negativo de quase meio bilhão de dólares na balança de lácteos.
O pesquisador explica o seguinte: “Quando olhamos o comportamento da importação brasileira de leite, observamos que é mais forte no final do segundo trimestre, se consolidando ainda mais no terceiro trimestre, que é justamente quando começamos a sair da entressafra e a produção de Argentina e Uruguai está mais alta. Este ano, no entanto, aconteceu diferente. Abrimos o ano com um volume mais forte, importamos um quantitativo de 800 milhões de litros de leite-equivalente de janeiro até maio.”
Ele ponderou que ao se observar a produção interna e a importação, a disponibilidade per capita vem crescendo cerca de 5%, considerando a balança comercial, o que se reflete no preço. “O preço é um reflexo da oferta e da demanda, quanto maior a oferta, menor o preço”, detalhou. Para ele, embora o momento seja de entressafra do leite, os preços, este ano, diferentemente dos anos anteriores, já estão recuando, devido às importações mais fortes e um consumo ainda fraco.
Ao comparar a diferença entre o preço do derivado lácteo no atacado e o preço pago ao produtor rural, observou-se que, apesar das importações, essa margem está melhor do que no ano passado, no caso do leite UHT. No queijo muçarela, o ano começou bem mais complicado para os laticínios, mas obteve uma recuperação das margens no mês de maio. O mercado de leite em pó também registrou pequena recuperação, apesar de ser um dos lácteos que sentem mais o impacto da importação, junto com a muçarela.
No entanto, uma das preocupações externadas pelo economista da Embrapa é que se o país mantiver o mesmo volume de importação do começo do ano, ou seja, da ordem de 10%, ao entrar o período da safra, quando a produção brasileira fica a cada mês que passa maior que o mês anterior, os preços tendem a registrar quedas mais acentuadas ao produtor rural.
No levantamento feito por Glauco Rodrigues, há a existência de fatores que impedem e outros que contribuem para a competitividade do mercado lácteo brasileiro. Rafael Mendonça traz mais detalhes direto da redação.
EMBRAPA LEITE
Entre os desafios que a cadeia produtiva do leite precisa superar estão a falta de dados e informações organizadas sobre produção, o estoque e vendas, a baixa qualidade média do leite, a gestão deficiente das fazendas, a baixa produtividade de mão de obra, vacas, terra e capital. Além disso, a estrutura fragmentada da indústria e da produção leva a um alto custo do transporte e captação de leite. “Com relação às políticas públicas, é importante avançar na área de regulação, impostos e taxas, incentivos fiscais e infraestrutura”, disse o pesquisador da Embrapa.
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