A região de expansão da fronteira agrícola conhecida como Matopiba possui 567.250 unidades rurais. A Embrapa Territorial chegou a essa estimativa por meio do cruzamento espacial das coordenadas geográficas de cada estabelecimento visitado no Censo Agropecuário 2017 e dos limites dos imóveis rurais registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), por geoprocessamento. (Leia o artigo)
Estabelecimentos agropecuários do Censo Agropecuário do IBGE de 2017 e imóveis rurais do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR/SFB) são conceitos diferentes – os dados a respeito dele são captados de forma distinta e com objetivos também diversos. O trabalho da Embrapa Territorial buscou as correlações espaciais entre eles para chegar a uma estimativa do número de unidades rurais que compõem o Matopiba, região formada por partes dos estados do Maranhão, Piauí, Bahia e, integralmente, o Tocantins.
A análise foi possível graças uma das maiores inovações apresentadas pelo IBGE no Censo Agropecuário 2017: a disponibilização de um ponto de coordenada geográfica para cada estabelecimento em que foi realizada entrevista. Por geoprocessamento, a Embrapa Territorial comparou a localização desses pontos com os perímetros dos imóveis rurais registrados no CAR.
O resultado aponta três situações: estabelecimentos agropecuários que coincidem com imóveis rurais, estabelecimentos agropecuários que não coincidem com imóveis rurais e imóveis rurais que não coincidem com estabelecimentos agropecuários. “Todas as três situações têm suas razões e justificativas”, diz o analista Carlos Alberto de Carvalho, um dos autores do estudo.
Por exemplo, 187.985 estabelecimentos agropecuários (64,9% do total) coincidem espacialmente com os limites de imóveis rurais. “Particularmente, essa situação indica produtores incorporados nos processos produtivos. Foram visitados pelo IBGE e fizeram o cadastro ambiental”, observa. Em contrapartida, há 277.411 imóveis do CAR (72,1%) sem ponto de estabelecimento correspondente e 101.854 (35,1%) estabelecimentos agropecuários sem relação espacial com imóveis rurais. Juntos, os imóveis e estabelecimentos nas três situações integram um conjunto do que o estudo chama de unidades rurais – e que somam 567.250.
“O que estamos fazendo é investigar o que esses dados espaciais nos mostram e como podemos aperfeiçoá-los no futuro, na perspectiva da integração dos dados do setor rural”, explica Lucíola Alves Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, uma das autoras do estudo. Lucíola também avalia que essa integração tem o potencial de auxiliar a indicação de áreas prioritárias para ações não só de pesquisa, mas também de transferência de tecnologia.
Ela observa que a análise dos dois conjuntos de dados, o do Censo e do CAR, contribui para compreender, inclusive, a estrutura fundiária na região: “Quando você começa a olhar e entender essas relações espaciais, e a partir dos diálogos com as instituições provedoras dos dados, conseguimos avançar na compreensão das relações entre produção e ocupação da terra. Se você tem um imóvel com 5, 10, 15 pontos de visita do Censo Agropecuário, você entende que aquela é uma unidade de produção com várias famílias que dependem daquela parcela de terra para sobreviver. A expectativa inicial era encontrarmos uma relação 1:1, mas, na prática, a integração nos mostra que o mundo rural é mais complexo e diverso do que imaginamos”, exemplifica.
Matopiba
A região do Matopiba foi delimitada por decreto presidencial, em 2015, a partir de uma pesquisa da Embrapa Territorial que analisou com Inteligência Territorial Estratégica as características naturais e agrárias, a produção agropecuária, a infraestrutura e o perfil socioeconômico da região. Com isso, chegou-se a um grupo de 337 municípios, em 31 microrregiões, que compõem a área de expansão da fronteira agrícola. Na época, o CAR ainda estava começando a ser implementado e o último Censo Agropecuário era o de 2006. Para a chefe de P&D da Embrapa Territorial, esses novos recursos são uma evolução da disponibilidade de dados espaciais, que permitem avançar nos estudos sobre a região.
Acesse a plataforma GeoMatopiba e tenha acesso a dados sobre a região.
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