CUSTO elevado e CLIMA adverso forçam aumento de PREÇOS do LEITE, mas rentabilidade segue prejudicada
Mesmo com a demanda fraca e com os resultados negativos do mercado de lácteos em julho, a indústria não conseguiu impor queda de preços no campo. O clima adverso e as recentes geadas intensificaram a restrição de oferta entre julho e agosto, aumentando a insegurança dos agentes em relação aos volumes de captação. As indústrias, focadas em manter seus market-shares, acirraram a competição pela compra de matéria-prima, mantendo o movimento de valorização no campo.
Nesse cenário, pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que o preço do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto subiu 2,1% em relação ao mês anterior, chegando a R$ 2,3595/litro na “Média Brasil” líquida. Trata-se, portanto, de um novo recorde real (dados foram deflacionados pelo IPCA de julho/21) da série histórica do Cepea, que se iniciou em 2005. O valor de agosto é 11,7% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, também em termos reais.
É importante destacar que o aumento nos preços do leite no campo não significa garantia da rentabilidade do produtor. Isso porque os custos de produção também registram intenso movimento de alta, especialmente neste momento em que o clima desfavorece a atividade leiteira. Pesquisa do Cepea mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) da atividade leiteira cresceu quase 13% na média Brasil de janeiro a julho, enquanto a receita subiu 6% no mesmo período.
As recentes geadas que afetaram o Centro-Sul do País diminuíram consideravelmente a qualidade das pastagens, prejudicando a alimentação volumosa que já vinha limitada devido ao tempo seco. Para evitar perdas ainda maiores na produção de leite, os produtores aumentaram a demanda por suplementação mineral, resultando em alta de quase 4% no preço desse insumo em julho. Da mesma forma, o preço do concentrado subiu 0,3% na média Brasil em julho. O encarecimento da ração está atrelado à valorização dos grãos. Outro insumo que registrou alta considerável no preço foi o adubo, de quase 8% em julho, devido ao aquecimento na demanda – sinalizando que os custos com a produção dos volumosos para 2022 seguirão elevados.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou alta de 1,68% de junho para julho, indicando uma leve retomada na oferta de leite no campo, porém, ainda insuficiente para abastecer o mercado doméstico. Os maiores aumentos foram observados em Santa Catarina, de 3,7%, no Rio Grande do Sul, de 2,9%, e em Goiás, de 2,7%.
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