Com fertilizantes mais caros, produtores veem margem de lucro encolher
CEO da Aguia Fertilizantes aponta que a diminuição da oferta de insumos e o aumento dos transportes estão entre os principais fatores que impactam o agronegócio, apesar do crescimento nas exportações
Mesmo atingindo valor recorde de exportações em junho deste ano, com crescimento de mais de 30% em relação ao mesmo período de 2021, e registrando um faturamento de US$ 15,71 bilhões, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as receitas do agronegócio seguem pressionadas pelo aumento do preço dos fertilizantes importados. Além disso, houve uma queda na disponibilidade dos insumos, agravada pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia, e o valor dos fretes marítimo e terrestre têm contribuído diretamente para a diminuição na margem de lucro do setor.
Segundo informações da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), 85% dos insumos utilizados no Brasil, cerca de 40 milhões de toneladas, vêm de outros países, como Rússia, China, Marrocos e Canadá. A dependência do agronegócio brasileiro por produtos importados se agravou ao longo das últimas décadas, com aumento de 440% das importações, se comparado aos volumes registrados no final dos anos 90, período em que os fertilizantes nacionais conseguiam atender metade da demanda do mercado brasileiro.
Para Fernando Tallarico, CEO da Aguia Fertilizantes, o contexto atual evidencia a importância de fortalecer iniciativas para a produção nacional. “O que vemos é o agravamento de um cenário que já se mostrava preocupante há bastante tempo: a dependência por fertilizantes importados. Temos um solo extremamente rico em minerais, o que faz do Brasil um produtor em potencial, e uma economia em que o agronegócio representa mais de 27% do PIB. Ou seja, temos não só um subsolo rico, mas a necessidade de se investir em projetos nacionais pelo bem do agronegócio brasileiro e pela segurança alimentar global, visto que estamos na iminência de uma crise mundial de alimentos”, reforça Tallarico.
O CEO da Aguia Fertilizantes destaca ainda que além de minimizar os impactos da baixa oferta, os insumos nacionais também impactariam positivamente no preço dos fretes e na disponibilidade do produto. “Há alguns meses, era preciso esperar até 45 dias para que as cargas de fertilizantes fossem descarregadas dos navios, o que não seria mais necessário caso houvesse investimento em projetos nacionais. Além disso, não haveria necessidade de se comprar um grande volume de insumos de uma só vez, pois o produtor teria a possibilidade de adquiri-lo em quantidades bem menores”.
A Aguia Fertilizantes, empresa brasileira de capital aberto especializada em pesquisa e desenvolvimento de projetos, está entre as corporações que investem na produção de fertilizante nacional. Ao todo, mais de R$ 80 milhões já foram aportados para o desenvolvimento do Projeto Fosfato Três Estradas, localizado em Lavras do Sul/RS. A expectativa é de produzir 300 mil toneladas por ano de insumos a base de fosfato – o que atenderia até 15% da demanda do estado gaúcho. Atualmente, a companhia aguarda a Licença de Instalação para iniciar a construção da planta, que estará pronta para fornecer o produto ao mercado em até 12 meses após a conclusão da instalação.
“Depois de três anos de testes agronômicos, podemos dizer com segurança que entregaremos ao mercado um fertilizante natural, inovador e de alta qualidade. O Pampafos não terá adição de acidulantes, o que preserva a saúde do solo, além de ser um insumo com solubilidade gradual do macronutriente fósforo, o que significa que será fornecida ao solo a quantidade adequada para o pleno desenvolvimento das lavouras, com mais durabilidade do que os produtos acidulados, aumentando o aproveitamento do produto, sem desperdícios”.
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