O problema que os produtores de leite vêm enfrentando em Santa Catarina e no Brasil continua na ordem do dia. Entidades do setor, que representam os agricultores e as indústrias, afirmam que a recente medida anunciada pelo governo federal para aumentar a tarifa de importação, visando reduzir a entrada de produtos de outros países, não resolve o problema.
Os recursos anunciados pelo governo federal, no valor de R$ 300 milhões para a compra de leite em pó, a fim de reduzir a oferta e tentar valorizar o mercado interno, são insignificantes diante da grande oferta e das importações.
A decisão de cancelar normas anteriores que facilitavam as importações também não resolve. Primeiramente, porque não afeta os países do Mercosul – Argentina e Uruguai – e em segundo lugar, porque os produtos contemplados são derivados do leite, representando uma parcela insignificante do total da produção.
Por sua vez, a indústria de lácteos também não concorda com os volumes excessivos de leite que estão sendo importados do Uruguai e da Argentina, com preços abaixo do custo de produção no mercado brasileiro.
O presidente do Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios de SC), Selvino Giesel, afirma que a cadeia local do leite está sendo desestruturada, com muitos produtores deixando a atividade e diversas indústrias entrando em recuperação judicial. Ele ressalta que a entrada de leite importado reduz temporariamente o preço ao consumidor, mas em breve, sem a produção interna, as importações se tornarão mais caras e o consumidor pagará um preço mais elevado.
Selvino Giesel também entende que é difícil suspender todas as importações dos países do Mercosul devido a acordos de mercado que estabelecem alíquota zero para a entrada de leite no mercado brasileiro. No entanto, ele enfatiza que o governo brasileiro precisa adotar medidas efetivas de proteção ao produto local.
Em Brasília, ocorreu o Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, um evento promovido pela Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite, com apoio do Sistema OCB, CNA e Abraleite, além de outras 14 entidades de representação do setor leiteiro, na Câmara dos Deputados.
Houve uma mobilização para alertar o governo federal sobre os problemas atuais enfrentados pela cadeia de lácteos, principalmente o alto volume de importações. Na ocasião, foram apontadas poucas medidas para garantir a prosperidade e a manutenção da renda das mais de um milhão de propriedades rurais que produzem leite.
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