Agricultura Milho

Adesão crescente do produtor a tratamentos quadruplica mercado de fungicidas para a cultura

Busca por mais sanidade e produtividade impulsiona categoria; produtor focou em medidas para conter casos de ferrugem das gramíneas, manchas foliares, cercosporiose, antracnose e diplodia, entre outras doenças relevantes

 

Da safra 2014-15 para a 2022-23 o mercado de fungicidas para milho cresceu mais de quatro vezes, de R$ 561 milhões para R$ 2,8 bilhões. Os dados, que acabam de ser divulgados, fazem parte dos estudos FarmTrak Milho Verão e FarmTrak Milho Safrinha, da Kynetec Brasil. Segundo a consultoria, 85% da movimentação total, ou R$ 2,4 bilhões, correspondem ao plantio em segunda safra e os 15% restantes, R$ 412 milhões, ao cultivo de verão.

Ante a safra passada (2021-22), quando os fungicidas movimentaram R$ 2,25 bilhões, houve aumento de 26% nas transações destes produtos.

“Safra após safra, o FarmTrak observa o produtor mais engajado em controlar doenças que transferem danos potenciais à produtividade, bem como em usar fungicidas com objetivo de obter efeitos fisiológicos diretos à produção”, resume Gabriel Pedroso, analista de inteligência de mercado da Kynetec. “Esse comportamento tracionou intensidade progressiva na adoção de tratamentos, principalmente na safrinha, frente a desafios como ferrugem das gramíneas, manchas foliares, cercosporiose, antracnose e diplodia.”

Entre os subsegmentos de fungicidas mais utilizados, as chamadas soluções Stroby Mix, compostas por estrobilurinas e triazois, seguem na liderança de vendas: 55% ou R$ 1,6 bilhão na safra 2022-23. “O FarmTrak aponta, contudo, para uma alteração no mix de fungicidas. Em oito safras, produtos ‘premium’, em geral à base de carboxamidas, subiram de 6% em participação (R$ 33 milhões) para 28% (R$ 793 milhões). Estes insumos estão hoje consolidados no manejo do produtor e foram utilizados em 25% da área cultivada com o grão em 2022-23”, diz Pedroso.

Em relação aos demais subsegmentos, ele revela, fungicidas protetores aparecem na pesquisa com 7% das transações (R$ 206 milhões), seguidos dos benzimidazois e triazois, com 4% cada (R$ 203 milhões no total) e outros fungicidas, 2% ou R$ 66 milhões.

Aplicações e nível tecnológico

 

Realizado nas principais regiões produtoras, o FarmTrak Milho da Kynetec apurou ainda que a área plantada do cereal foi de 19,8 milhões de hectares no período 2022-23. Conforme a consultoria, o milho de segunda safra cobriu 15,6 milhões de hectares ou 79% do total. Já a safra de verão ocupou 4,2 milhões de hectares (21%).

 

Segundo Pedroso, em linhas gerais, o FarmTrak Milho 2022-23 respalda avaliações de estudos anteriores da consultoria na área, que registram, na série histórica, avanços expressivos na adesão do produtor aos fungicidas.

Ele destaca, por exemplo, que no milho safrinha 97% das áreas de plantio receberam pelo menos uma aplicação de fungicidas em 2022-23, contra 85% de oito safras atrás. Já no milho verão, afirma, a mesma relação saltou de 34% para 59%. “A intensidade média dos tratamentos cresceu de 1,4 para duas aplicações na segunda safra, e de 1,5 para 1,8 no verão”, enfatiza Pedroso.

“Mesmo frente a uma diferença ainda relevante quanto a adoção de tecnologia, na comparação entre o milho safrinha e o milho verão, nesta o nível de adoção também cresceu. No ciclo 2015-16, por exemplo, as áreas não tratadas por fungicidas no plantio de verão visando a produção de silagem ultrapassavam 90% do total.”

De acordo com Gabriel Pedroso, a disparidade na adesão aos fungicidas entre uma safra e outra se explica, sobretudo, pelo fato de o produtor privilegiar, na segunda safra, a colheita de grãos, enquanto no verão pelo menos 30% da área cultivada são destinados à produção de silagem, na qual tradicionalmente se emprega menos tecnologia. “Na safra de verão 2022-23, mais de 65% das áreas cultivadas para silagem não tiveram aplicações de fungicidas”, conclui.


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