Palestras ocorreram no Auditório Central do Parque da Expodireto, em Não-Me-Toque
A 34ª edição do Fórum Nacional da Soja ocorreu nesta terça-feira, 5 de março, dentro da programação da Expodireto Cotrijal. O evento ocorreu no Auditório Central do Parque em Não-Me-Toque (RS), e trouxe dois painelistas: o engenheiro agrônomo André Pessôa e o empresário Erasmo Carlos Batistella. Pessôa é fundador e CEO da Agroconsult, entre outras qualificações. Já Batistella é técnico agrícola e é considerado um dos empresários do agro mais influentes do país e referência na área de bioenergia.
Na abertura, o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, ressaltou que a trigésima quarta edição do Fórum Nacional da Soja está mais voltada às cooperativas e parceiros, em especial o sistema Ocergs Sescoop. “Incentivamos a participação de dirigentes, gerentes comerciais e conselheiros, o que para nós é motivo de orgulho,” destacou. Pires enfatizou que o Fórum da Soja nasceu no cooperativismo e que se realiza dentro da Expodireto Cotrijal há mais de 20 anos. O presidente da FecoAgro/RS acrescentou que o Fórum ocorre mediante expectativa de uma boa safra, ressaltando respeitar as projeções que indicam o contrário.
André Pessôa palestrou sobre “Cenários Agroconsult para os Mercados de Soja e Milho – Safra 2023/2024”. O consultor falou sobre os dados da safra brasileira que quebrou em muitos Estados, segundo ele, com uma redução provocada pela irregularidade climática, principalmente a soja mais precoce no Cerrado brasileiro, com reduções significativas de produtividade. “Ao todo, no Brasil, já perdemos em torno de 17 milhões de toneladas de soja esse ano. Felizmente algumas regiões estão indo bem, como é o caso do Rio Grande do Sul, que depois de dois anos difíceis terá uma safra muito boa”, destacou. Conforme Pessôa, a expectativa é alcançar pelo menos 21,5 milhões de toneladas, mas projetou 22 milhões porque as lavouras, de acordo com o consultor, estão muito boas e enfrentaram bem o período de calor excessivo, e de falta de chuva. André Pessôa mostrou preocupação com a ferrugem da soja, mas avaliou que os produtores gaúchos sabem fazer o manejo e lidar com essa doença e, assim, garantir uma produtividade até acima do esperado.
O consultor avaliou ainda que, apesar de prejudicada pelo clima, a safra brasileira não é uma catástrofe e que há coisas boas também. “Estamos estimando 152 milhões de toneladas de soja no Brasil este ano, é mais do que o número da Conab e de outras entidades e consultorias”, comparou. O que mais preocupa, segundo ele, é o nível de preço, que está muito baixo no mercado internacional. “Nós vendemos muito pouco no Brasil este ano, tem apenas 35% da soja que será colhida no país vendida até agora e, no caso do Rio Grande do Sul, é menos de 15%”, argumentou. Pessôa acrescentou que o mercado internacional não dá sinais de recuperação significativa de preço. “Estruturalmente, estamos diante de um momento em que há mais produção de soja no mundo do que o consumo”, completou. Ressaltou que a Argentina vai produzir uma safra muito boa este ano, o que ajuda a recuperar os estoques internacionais.
O consultor da Agroconsult projetou que, pela primeira vez desde 2006, o Brasil terá retração de área plantada de soja na próxima safra e que será fundamental, nos próximos meses, garantir o adequado funcionamento do mercado de crédito. “Para isso, a primeira coisa a ser feita é pagar as contas e garantir o acesso ao crédito, visto que as margens continuarão apertadas”, concluiu.
Já o segundo palestrante, Erasmo Carlos Battistella, abordou o tema “Biocombustíveis e energia renovável no cenário atual e perspectivas”. Destacou que o produtor, hoje, além de produzir o alimento, produz também energia renovável. “No Brasil tem crescido muito a produção de energia renovável e o agronegócio é o grande produtor da matéria-prima, seja através da cana, lá atrás com o etanol, a soja com o biodiesel, o milho para o etanol, e agora o trigo para etanol. Também tem os novos biocombustíveis que se avizinham e devem chegar a partir de 2027 e que serão uma nova demanda para o agro”, projetou.
Batistella ponderou, ainda, que os produtores do agronegócio deverão se organizar para atender a estas novas demandas, tanto no Brasil quanto no exterior. Já com relação ao mercado de carbono, Batistella disse acreditar que o mais importante é a regulação, ainda parcial no Brasil, além das certificações, não só para o mercado de carbono, mas também para o mercado de biocombustíveis. “Nós vamos precisar ter as certificações para atender alguns mercados. Estamos exportando biodiesel há 11 anos para a Europa e, no ano passado, conseguimos fazer a primeira exportação de grandes volumes para os Estados Unidos, e isso só aconteceu porque nós conseguimos certificar as unidades industriais e parte da matéria prima”, ressaltou. Batistella acrescentou que esta é uma outra oportunidade que o agronegócio tem, que é trabalhar a certificação para atender mercados que hoje ainda não são atendidos.
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