O último relatório do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), de 2022, mostra que um terço do que é produzido não é consumido por conta de problemas entre a colheita, o transporte e o excedente adquirido e disponibilizado para consumo. Nessa mesma linha, uma estimativa do World Resources Institute (WRI) aponta que, em 2023, mais de 41 mil toneladas de alimentos são desperdiçados por ano no Brasil, sendo o setor de bares e restaurantes responsável por cerca de 15% desse montante.
De acordo com Otávio Pimentel, Country Manager da Frubana, foodtech especializada no uso de tecnologia para conectar pequenos produtores a restaurantes, existem algumas tendências nesse mercado que podem melhorar a eficiência operacional e logística, envolvendo agricultores e donos de estabelecimentos em 2024. São elas:
Maior controle entre oferta e demanda com apoio da tecnologia
Ainda segundo o relatório da ONU, o desperdício no Brasil é estimado em mais de R$61 bilhões por ano. Neste momento, o Brasil está na 10ª posição no ranking de países que mais desperdiçam comida.
De acordo com o executivo, “todos os dias, os maiores centros atacadistas de alimentos são abastecidos com itens que vêm do campo e acabam perdendo a validade rapidamente. Sem um controle eficiente da oferta e demanda, podem ser comprados em excesso ou, se a demanda não for suficiente, acabam perdendo sua validade sem sequer serem comprados. Uma forma de solucionar esse problema é conectar agricultores e restaurantes, para que toda a oferta seja direcionada e precificada de acordo com a demanda, oferecendo a melhor relação para agricultores e estabelecimentos”, explica Otávio.
Investimentos em logística
Segundo o último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a logística pode reduzir o desperdício de alimentos em até 70%. “Hoje em dia o dono de um restaurante ou bar precisa, pelo menos a cada dois dias, ir a um centro atacadista comprar frutas, legumes e verduras. Além de implementar um sistema de gerenciamento de estoque automatizado, é possível também traçar rotas de distribuição mais eficientes, evitando deslocamentos desnecessários e também que a comida aguarde nas prateleiras por um comprador enquanto vence o prazo de validade”, explica o executivo.
Atenção com as exigências do consumidor:
Por fim, quem busca uma operação mais sustentável e eficiente, acaba sendo reconhecido pelo cliente final. Segundo uma pesquisa da InnovaPack, 74% deles já deixaram de ir a um bar ou restaurante que não aplica práticas sustentáveis.
“Hoje em dia os consumidores se preocupam com a qualidade e criam uma conexão com marcas que demonstram consciência ambiental e sustentável. Para responder a isso, os estabelecimentos precisam estar cada vez mais preocupados com sua transparência operacional e integração com fornecedores e produtos que sejam de boa procedência”, destaca Pimentel.
As tendências apontam para caminhos que tornariam o mercado de alimentos mais eficiente em sustentabilidade ao evitar o desperdício e garantir uma previsibilidade operacional e logística. Neste cenário, a conscientização do consumidor tem exigido, de toda a cadeia, inovações tecnológicas que garantam uma gestão mais eficiente da relação entre produtores e consumidores.
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