MARACUJA EM ESTUFA
Fruticultura Hortifruti

Cultivar Maracujá em estufa, é viável?

Segundo dados do IBGE, o Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, tendo atingido, em 2020, 690.364 toneladas produzidas. A cultura do maracujazeiro se desenvolve bem nas condições de cerrado. No Distrito Federal, de acordo com a EMATER, os fruticultores têm conseguido produtividades até três vezes maiores que a média nacional, que é de 14 toneladas por hectare. A adoção de técnicas de cultivo que utilizam espaçamento adensado, uso de irrigação localizada (gotejamento), uso de novos híbridos desenvolvidos pela Embrapa, e polinização manual potencializam a cultura. Essa produtividade pode chegar a sete vezes a média nacional quando o plantio é feito em casas de vegetação (estufas).

 

Conversamos com o agricultor familiar, Marcelo Vidolin, formado em administração, e que tem se dedicado ao cultivo do maracujá em estufa. Nós fomos até sua propriedade rural, na região do Curralinho em Paracatu, Noroeste de Minas, para conhecermos um pouco mais sobre o dia a dia e as práticas de quem trabalha com esse tipo de cultura. Algumas perguntas foram respondidas como: Cultivar maracujá em estufa é viável? Quais são os pontos positivos e negativos do cultivo de maracujá em estufa? Como é o processo de colheita do maracujá? O processo de irrigação do maracujá em estufa, como é?

 

A tecnologia para o cultivo de maracujá em estufas é a mesma usada em campo aberto. Contudo, por se tratar de um ambiente que impede a ação de insetos polinizadores, torna-se imprescindível a polinização manual.

Nos cultivos em estufa toda a polinização deve ser feita manualmente,

devido à ausência de polinizadores. A polinização é feita pegando o pólen nas anteras de uma flor com os dedos e passando nos estigmas de uma flor de outra planta. Durante essa operação, deve-se tomar o cuidado de sempre polinizar a flor (passar os dedos com o pólen nos estigmas) antes de descer os dedos para coletar o pólen dela.

O cultivo em estufas apresenta vantagens como: melhor sanidade das plantas, maior vigor, melhor qualidade de frutos e redução do uso de agroquímicos. Além disso, possibilita a execução dos tratos culturais e, inclusive, a polinização, mesmo em dias de chuva.

A montagem da estufa para que o ambiente seja o mais propício possível para a cultura do maracujá é de suma importância. Vale lembrar que o maracujá é uma planta de clima tropical.  Os solos mais indicados são os arenosos ou levemente argilosos e bem drenados, para que não haja problemas com doenças de raízes.

Um ponto importante para a preservação e o desenvolvimento do maracujá é o uso de quebra-ventos. O maracujazeiro é uma planta extremamente sensível à ação do vento. Assim, é muito importante o uso do quebra-vento natural ou implantado com plantas de porte ereto, como capim elefante, bananeira ou cana de açúcar. O quebra-vento servirá também como barreira para insetos.

As mudas podem ser produzidas na propriedade que tenha as instalações adequadas (estufas) e não possua lavouras velhas nas proximidades, para evitar a contaminação por pragas e doenças.

Para isso, pode-se usar bandejas de isopor de 72 células, tubetes ou sacos de polietileno feitos com dimensões de no mínimo 10 cm de diâmetro de boca e de 15 a 20 cm de comprimento. O transplante deverá ser feito quando as mudas atingirem de 15 a 30 cm de altura, o que deve ocorrer de 40 a 70 dias após o semeio. Em regiões onde há muita ocorrência de viroses, normalmente utilizam-se mudas com 1,5 a 1,8 m de altura, os chamados “mudões”.

A colheita do maracujá, normalmente, é feita de 6 a 8 meses depois do plantio, pegando os frutos caídos no chão, ou amarelos presos na planta. A comercialização é feita em sacos com 12 kg cada. Para mercados mais exigentes, os frutos devem ser colhidos através do corte do pedúnculo quando apresentarem a cor “verde amarelado”, tendo o cuidado de deixar o fruto com 0,5cm de pedúnculo para reduzir a desidratação. Neste caso, os frutos devem ser embalados em caixas de papelão e não podem ser lavados.

O período para obtenção dos melhores preços vai de setembro a novembro. Isso ocorre devido à dificuldade de pegamento de frutos nos meses de junho a agosto em função da baixa temperatura noturna e comprimento do dia, já que para frutificar a planta necessita de 11 horas de luz e temperatura mínima superior a 15ºC. Os frutos do maracujá silvestre BRS Pérola do Cerrado, por sua vez, devem ser colhidos no chão, pois continuam com a casca de cor verde mesmo no ponto de colheita, dificultando a identificação dos frutos maduros.

Entre as várias cultivares de maracujá que são encontradas na propriedade do Marcelo, uma delas é a BRS Rubi do Cerrado, que produz aproximadamente 50% de frutos de casca vermelha ou arroxeada com peso de 120 a 300 gramas. Ele conta para a gente um pouco mais das características dessa cultivar e desse procedimento de colheita.

Após a colheita, a inserção do maracujá no mercado e a manutenção do produtor na ativa são muito importantes para o incentivo a esse tipo de cultura.

O uso da irrigação no cultivo do maracujá é importante para obter boa produtividade, e deve ser feita, preferencialmente, por gotejamento. Isso porque essa técnica fornece água na quantidade certa e não molha as folhas do maracujazeiro. Molhar as folhas das plantas aumenta a incidência de doenças. O mais comum é o uso de dois gotejadores por planta, inseridos um de cada lado do caule, a aproximadamente 20 cm do mesmo. É bom lembrar que toda irrigação deve ter um projeto hidráulico elaborado por um técnico capacitado.

Dicas para o controle de pragas e doenças durante o plantio do maracujá:

-Realizar adubação equilibrada;

-Manejar corretamente a irrigação;

-Não deixar bacia na cova de plantio, ou seja, a muda deve

ficar rente ao solo;

-Fazer as podas corretamente;

-Realizar rotação de culturas;

-Plantar quebra-ventos;

-Utilizar mudas saudáveis e de boa procedência;

-Controlar ervas daninhas;

-Limpar equipamentos, especialmente aqueles utilizados para

o preparo de solo;

-Realizar a consorciação do maracujá como outras culturas

ou com plantas melhoradoras da fertilidade do solo;

-Usar variedades de maracujá resistentes a pragas e doenças;

  • Utilizar armadilhas na forma de isca para atração de insetos-praga;

  • Se necessário, utilizar agroquímicos em dosagens e frequência recomendadas pelo fabricante, lembrando sempre de usar equipamentos de proteção individual.

A utilização dessas práticas promoverá maior equilíbrio ambiental com sobrevivência dos seres vivos que se alimentam das pragas, que são espécies benéficas de insetos, fungos, bactérias, pássaros, chamados de inimigos naturais das pragas. Além disso, tais práticas melhoram a nutrição e o ambiente para a cultura do maracujá, reduzindo ao mesmo tempo as condições de reprodução ou sobrevivência das pragas e seres causadores de doenças. Porém, se for necessário fazer o controle químico das pragas, devem-se usar produtos registrados pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). É importante também observar as dosagens recomendadas na embalagem, respeitar o período de carência, usar equipamento de proteção individual e sempre procurar orientação técnica.

 

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